23rd May 2025

Volta Coruche… ao Passado?

Já aqui tínhamos falado do famigerado Movimento Independente que se preparava para entrar na dança das próximas autárquicas em Coruche. Pois bem, caiu finalmente o pano (como se houvesse alguma dúvida) e foi revelado aquilo que já toda a vila sussurava entre um café e uma torrada: o Volta Coruche vai ser liderado pelo antigo presidente da Câmara Municipal — esse mestre do ziguezague partidário que já foi da CDU, depois do PS, e agora, num acto sublime de camuflagem política, aparece como… independente.

Sim, independente. Tão independente quanto um guarda-chuva em dia de tempestade partidária. Apresenta-se agora como o novo D. Sebastião de Coruche, saído das brumas eleitorais, de espada em punho e cartaz na mão, pronto para salvar a vila da desgraça — ou pelo menos é essa a narrativa poética que por aí anda. Mas os coruchenses, já vacinados contra discursos messiânicos, olham para o regresso do salvador com a típica desconfiança de quem já viu este filme… e não gostou do final.

Há quem diga — e diz-se com convicção — que esta súbita paixão pelo futuro de Coruche nasceu, por acaso, quando o lugarzinho que ocupava na Ecolezíria se evaporou. E evaporou-se entre críticas, queixas e insatisfação generalizada quanto à qualidade dos serviços prestados pela empresa intermunicipal. Saiu de mansinho, como quem não parte mas foge, debaixo de uma nuvem de má gestão e ainda com o eco dos protestos dos munícipes a soar ao longe.

Agora, como um actor de teatro experiente, muda de fato, muda de palco, mas o guião é o mesmo. Grita por renovação, mas carrega consigo o peso de um passado que muitos não esqueceram. Porque por muito que se pinte de novo, há tintas que não cobrem certos desgastes.

E enquanto ele fala do “futuro” da vila com ar compenetrado e promessas recicladas, há quem veja neste Volta Coruche não uma viragem para a frente, mas sim uma inversão de marcha. Porque se ganhar, o mais certo é que o futuro que nos espera seja apenas uma paragem nostálgica numa estação de comboio onde já ninguém quer embarcar.

No fim de contas, que seria da política local sem o seu eterno baile de máscaras?