Trabalho Extra? Ou a Trindade da Má Vida?
Enquanto o concelho de Coruche anda embriagado com o perfume das autárquicas — debates acesos, promessas reluzentes e cartazes com mais retoque que uma capa da Caras — eis que, pela calada da noite e longe dos olhares das senhoras respeitáveis da vila, nasceu um novo templo… Mas não é um templo de fé, nem de cultura. É um altar moderno, devoto da Santa Trindade da Má Vida: Mulheres, Jogo e Álcool.
Sim, leu bem. Um novo estabelecimento, desses que oficialmente são “locais de convívio” (com muita ênfase no convívio), mas que no boca-a-boca popular já ganhou nomes menos diplomáticos. Um sítio onde o barulho das fichas e o tilintar dos copos abafam o som da consciência, e onde se entra com um sorriso maroto e se sai, por vezes, com a carteira mais leve… e a alma também.
Dizem os donos — com ar muito sério — que é só um espaço para amigos se juntarem, conversar, jogar umas cartas, beber um copinho… enfim, nada de mais. Mas os corredores da vila já murmuram outra coisa. E os sorrisos cúmplices dos frequentadores, que tentam não ser vistos mas aparecem sempre na vizinhança, também contam uma história ligeiramente diferente.
Portanto, minha senhora, da próxima vez que o seu marido disser que tem tido mais “trabalho que o habitual” e por isso é que chega tarde a casa, ou que ia “só ali” beber uma mini com os amigos e, por azar, o relógio decidiu andar depressa demais e ele só voltou depois da meia-noite… respire fundo, sorria, e lembre-se: o novo santuário da perdição está mais activo do que nunca.
E atenção, porque neste caminho já muito empresário se perdeu, muito casamento apanhou solavanco, e muitas promessas de “é só desta vez” ficaram penduradas como as contas do bar. Mas vá, sempre é bom saber que em Coruche, para além de política de bastidores, também há diversão… de bastidores.