13th April 2025

O Milagre Africano — ou Como um Coruchense Foi, Viu e Voltou… Riquíssimo

Há histórias que fazem sonhar, e depois há histórias que fazem levantar sobrancelhas. Esta é decididamente da segunda categoria.

Quem por estas bandas não se recorda daquele nosso conterrâneo que, em tempos, andava a fugir aos credores como o diabo foge da cruz? Aquele que devia a meio mundo, que desapareceu de um dia para o outro, e que — como diz quem sabe das coisas — “até devia ao padeiro o pão de ontem”? E depois — surpresa das surpresas — reaparece, com ar distinto, relógio de ouro ao pulso, carro de alta cilindrada e um sorriso que parece saído de uma campanha publicitária.

A explicação oficial? “Conexões africanas.” Sim, foi isso que nos deram. África, esse continente de oportunidades infinitas e negócios misteriosos, onde aparentemente se fazem fortunas da noite para o dia, sem ninguém perceber bem como — nem querer perguntar.

Segundo consta, foi para “investir”. Mas há quem diga que os investimentos não se limitavam ao mercado legal, e que por trás dos sorrisos de colgate e dos almoços oferecidos está uma teia de negócios tão opaca como os vidros de um carro oficial depois de três mandatos e zero auditorias. Há quem fale em diamantes, outros murmuram sobre madeiras raras, e os mais atrevidos falam até em "serviços de consultoria" — esse termo tão elástico como conveniente.

O que é certo é que, agora, desfila pelas ruas de Coruche como um rei regressado de exílio. E curiosamente, muitos dos antigos credores, que há uns anos lhe queriam arrancar a pele, agora fazem vénias e convites para jantares.

Mas o povo não esquece. Nos cafés e tascas, murmura-se baixinho: “Com que então foi para África e voltou milagreiro…” Uns aplaudem, outros desconfiam, mas todos concordam numa coisa — há muito por contar nesta história. E quem sabe se, um dia destes, uma dessas “conexões africanas” não aparece por cá também… para recolher dividendos.